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Image by Possessed Photography

Setembro de 2006 e eu era apenas uma ideia na cabeça dos meus fundadores. Já tinha um local e data para nascer, mas ainda não tinha um nome. Falavam que eu ajudaria a auto-estima das pessoas, iria deixá-las mais belas. Mas não entendia muito bem o que isso queria dizer porque eu ainda nem tinha nascido.

E isso não importava, sentia que minha chegada seria especial. Eram muitos preparativos para o meu nascimento. Ainda não existia a internet como conhecemos hoje e meus fundadores viajavam para São Paulo para negociar com fornecedores de multimarcas para que eu pudesse oferecer diversos produtos aos meus visitantes. Foi ai que entendi como deixaria as pessoas mais belas. Descobri que seria da área de moda.

Em outubro, eu saí do papel e nasci na cidade de Planaltina/DF. Me chamaram de Fabrika, logo de cara eu gostei do meu nome. Meu logo tinha letras vermelhas e um fundo preto, lembrava as cores do time do Flamengo. Na minha inauguração eu estava recheada de novidades e isso atraiu olhares de todos os lados. Tinha até carro de som anunciando minha chegada na cidade. Eu era a estrela naquele dia.

Meus visitantes gostavam tanto do que eu oferecia que sofri alguns furtos e aquilo não estava sendo bom pra mim. Ainda era o meu primeiro ano de vida e já tinha que aprender a agir como uma adulta. Em meados de 2007 eu resolvi que não queria mais ficar ali, me sentia vulnerável e aflita quando esses visitantes apareciam e ameaçavam pela porta de entrada. A minha sorte foi achar uma nova morada no Lago Norte. Fiquei um tempo parada, mas logo após a mudança ganhei uma cara nova. Ganhei uma logo com um prédio e engrenagens que representavam uma indústria. Sentia até meu nome soar mais forte com as letras em caixa alta.

Nesse meu novo formato, eu era uma confecção que oferecia uniformes e brindes corporativos. Cheguei a ter mais de 500 itens em meu catálogo. Confesso que às vezes era uma loucura ter tudo isso com tão pouca experiência de vida.

Quando eu completei 10 anos, me reinventei novamente. Ganhei uma logo nova, menos robusta e mais alegre, assim como eu. Comecei a oferecer meus serviços e produtos no atacado e varejo. Me posicionei como marca no mercado. Trouxe para Brasília os tecidos tecnológicos, fui pioneira inserindo tecnologia UV nos uniformes escolares de crianças e adolescentes e foquei na sustentabilidade. Comecei utilizando os retalhos que iam para o aterro sanitário e criei embalagens criativas para evitar a sobrecarga de lixo no meio ambiente.

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2018 foi meu ano de parcerias junto ao Sebrae, Sindiveste (Sindicato do Vestuário do DF), Senai e Fibra (Federação das Indústrias do DF). Com a ajuda e apoio desses órgãos, participei de missões técnicas em outros estados, feiras, eventos e várias consultorias. Uma delas, realizada pelo Senai gerou mais de uma tonelada de doações para pessoas de baixa renda e um aumento de 70% na produtividade. No ano seguinte, com o apoio do Sindiveste estreei meu primeiro desfile aberto ao público que você pode conferir no vídeo abaixo.

Em janeiro de 2020, eu nem imaginava que seria meu ano da transformação. Participei do maior evento de marketing de diferenciação do mundo (Fator X Live) e estava a todo vapor incluindo novos serviços, produtos e experiências, até que um vírus desconhecido e sem cura começou a se alastrar no mundo. As escolas fecharam e foi a primeira vez que ouvi falar em distanciamento social. Não havia mais álcool e máscaras nas farmácias. Tudo havia de ser higienizado milimetricamente. Meus colaboradores tiveram medo e confesso que eu também fiquei. Resolvemos juntos que todos deveriam ir para suas casas ficarem com suas famílias em segurança.

Mas, o pior ainda estava por vir, esse vírus letal tirou a vida de várias pessoas e o comércio teve que ser fechado. Consequentemente, as vendas pararam. Sem perspectivas de abertura, com o futuro tão incerto apoiei a iniciativa das minhas fundadoras com um trabalho voluntário de confecção de máscaras para o Hospital Universitário da Universidade de Brasília. Foi uma forma de ajudar a quem estava na linha de frente.

Em meio ao caos, inovei! A minha versão digital foi ao ar, era o meu primeiro e-commerce, lancei uma linha de máscaras e roupas com tecnologia antiviral. Sabia que estava fazendo o certo, ajudei pessoas. Nunca ouvi tanto agradecimento por uma coleção de roupas que havia criado. 

Assim me reergui, abri novas portas enquanto vários colegas estavam fechando as suas. E lá estava eu em um novo ponto na Asa Norte/DF. Logo após a nova inauguração, recebi da Fibra (Federação das Indústrias do DF) e do Fecomércio um selo de estabelecimento responsável por cumprir com as todas as medidas de prevenção e higienização dos protocolos de combate à disseminação da COVID-19 de acordo com as recomendações sanitárias da OMS, da Anvisa e do governo do DF.  

 

 

Enfrentar uma pandemia não foi nada fácil, mas, desde cedo aprendi a lidar com dificuldades ou não me chamaria Fabrika.  Apesar de tudo, ganhei visibilidade na mídia, participei do melhor showroom de moda premium do Brasil em São Paulo e fui uma das 50 empresas convidadas a fazer parte do livro Brasília Capital dos Criadores, onde conta parte da história da moda de Brasília e do DF.